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quinta-feira, 28 de novembro de 2013

A Bênção da Humildade

A revista alemã "Focus" publicou uma reportagem sobre o tema "Eu, eu, eu". Ela tratava do culto ao eu – que aumenta cada vez mais em meio à nossa população – no qual cada um se considera cada vez mais importante. Cresce a sociedade que quer levar vantagem em tudo, que não recua diante de nenhum meio para alcançar seus objetivos. É indiferente se outros têm de sofrer com isso – o que importa é que se consiga o primeiro lugar. Um dos lemas em curso entre a juventude é: "Eu sou mais eu".
Também esta é mais uma prova de que a Palavra de Deus é confiável, pois ela diz o seguinte acerca dos "últimos dias": "E, por se multiplicar a iniqüidade, o amor se esfriará de quase todos" (Mt 24.12). Quem não cuida e não vigia, torna-se cada vez mais egoísta e nem o nota, mesmo sendo cristão. O egocentrismo, o culto ao eu se infiltra onde a Palavra de Deus é deixada de lado – e com isso é deixado de lado o relacionamento íntimo com Jesus Cristo. David H. Stern traduz essa passagem muito acertadamente da seguinte maneira: "O amor de muitas pessoas esfriará porque a Torá se afasta cada vez mais delas" (Novo Testamento judaico). Não se convive mais com a Sagrada Escritura. Mas é só através do contato com a Palavra de Deus, através do amor do Espírito Santo e da comunhão com Jesus Cristo que adquirimos a capacidade de sermos humildes.
Satanás abandonou a Palavra de Deus por seu orgulho sem limites – e caiu. Igualmente cristãos que não mais são dirigidos pela Palavra de Deus e pelo Seu Espírito Santo se tornam vítimas do orgulho. Tornam-se ambiciosos e se acham cada vez mais importantes – e a causa de Jesus é empurrada para segundo plano.
No Evangelho de Lucas um acontecimento nos mostra como o orgulho se manifesta e quais as suas conseqüências: "Reparando como os convidados escolhiam os primeiros lugares, propôs-lhe uma parábola: Quando por alguém fores convidado para um casamento, não procures o primeiro lugar; para não suceder que, havendo um convidado mais digno do que tu, vindo aquele que te convidou e também a ele, e te diga: Dá o lugar a este. Então irás, envergonhado, ocupar o último lugar. Pelo contrário, quando fores convidado, vai tomar o último lugar; para que, quando vier o que te convidou, te diga: Amigo, senta-te mais para cima. Ser-te-á isto uma honra diante de todos os mais convivas. Pois todo o que se exalta será humilhado; e o que se humilha será exaltado" (Lc 14.7-11).

O Senhor nota quando somos orgulhosos

"Reparando como os convidados escolhiam os primeiros lugares..." O orgulho é uma coisa que nós, como filhos de Deus, não gostamos de expor publicamente, pois sabemos que é constrangedor quando é notado.
O orgulho começa no coração. O orgulho é algo sorrateiro, que entra devagarinho em nosso coração, mudando nossa motivação e mudando a base de nosso querer e de nosso agir. Em geral não usamos de violência para chegar mais à frente. Tudo começa muito sutilmente, nos insinuamos com cuidado. Fazemos um jogo duplo com outros, colocando o olho nos melhores lugares.
O Senhor olha diretamente para dentro do coração e fala: "A soberba do teu coração te enganou..." (Ob 1.3).
Não creio que as pessoas da nossa história foram derrubando cadeiras e mesas para chegarem à frente e alcançarem os melhores lugares. Provavelmente eles foram cuidadosos e educados, mas agiram com um alvo em vista, que era o de ocupar o lugar de honra. Mas o Senhor o notou! Pensemos nisso: o primeiro que descobre orgulho em nossa vida é o Senhor – e Sua reação não se fará esperar. Ele olha diretamente para dentro do coração e fala: "A soberba do teu coração te enganou..." (Ob 1.3).

Orgulho não é coisa pequena

Poderia-se dizer que o que aconteceu aqui é uma bagatela da qual nem vale a pena falar. Tentar conseguir o melhor lugar em uma mesa não é muito bonito, mas também não é tão trágico assim; certamente existe orgulho pior. Mas o fato de Jesus ter notado o acontecido e de ter comentado a respeito mostra claramente como o orgulho é terrível aos olhos de Deus. Por quê?
1- Porque o orgulho procede de um cristianismo sem cruz
Em Filipenses 2.5-8 encontramos um padrão para nossa mentalidade e para nossas intenções: "Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte, e morte de cruz." Sua humilhação consistiu em não exigir o que era direito Seu. Ao invés de insistir em Sua semelhança com Deus, Ele humilhou-se a Si mesmo. Ele, diante de cuja palavra o Universo se abala; Ele, que é adorado e exaltado por todos os anjos criados; Ele, que não é criatura mas o próprio Criador – Ele se humilhou, sim, "tornando-se obediente até à morte, e morte de cruz." Essa mentalidade que Jesus Cristo possuía é esperada de nós também. E quem não tem essa mentalidade não vive com a cruz e com o Crucificado, mas é contrário à cruz de Cristo. Uma pessoa assim, no fundo, é inimiga da cruz de Cristo por continuar sendo orgulhosa.
2- Porque o orgulho tem sua origem nas mais terríveis profundezas, ou seja, no próprio diabo
Satanás queria ser como Deus: "...subirei acima das mais altas nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo".
Nele nasceu o orgulho: "Tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me assentarei, nas extremidades no Norte" (Is 14.13).Satanás queria ser como Deus: "...subirei acima das mais altas nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo" (v. 14). Por isso o orgulho é tão terrível diante dos olhos de Deus e é condenado por Deus desde sua menor raiz.
3- Porque o orgulho provém da falta de temor de Deus
Em Provérbios 8.13 está escrito: "O temor do Senhor consiste em aborrecer o mal; a soberba, a arrogância, o mau caminho, e a boca perversa, eu os aborreço." O resultado da falta de temor de Deus sempre é o desprezo do nosso próximo, com uma valorização acentuada de si mesmo. Assim, os fariseus e escribas daquela época escolheram para si os melhores lugares à mesa. Onde os outros iriam sentar era indiferente para eles.
Hoje igualmente a falta de temor de Deus cresce ao ponto de chegar a um ódio pelos outros. Pessoas orgulhosas têm dificuldades em se relacionar com os outros e estão sempre prontas para brigar. Pois o orgulhoso tenta alcançar seus próprios alvos mesmo às custas da união. Por isso somos exortados tão seriamente: "Nada façais por partidarismo, ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo" (Fp 2.3).
4- Porque o orgulho sempre traz consigo a queda
Provérbios 16.18 diz: "A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito, a queda." A Bíblia Viva diz: "A desgraça está um passo depois do orgulho; logo depois da vaidade vem a queda." Isso combina exatamente com o que o Senhor Jesus diz em Lucas 14.8-9: "Quando por alguém fores convidado para um casamento, não procures o primeiro lugar; para não suceder que, havendo um convidado mais digno do que tu, vindo aquele que te convidou e também a ele, te diga: Dá o lugar a este. Então irás, envergonhado, ocupar o último lugar."Na prática, o orgulho não nos leva a sermos mais reconhecidos e importantes no Reino de Deus, mas acontece exatamente o contrário: quando somos orgulhosos, somos cada vez menos importantes para o Reino de Deus, até ao ponto de sermos totalmente desqualificados.
Quem se considera muito importante como candidato a obreiro no Reino de Deus, facilmente pode ser degradado ao patamar de um jumento, o que pode ser ilustrado com muito acerto com o seguinte episódio: certa vez um seminarista, muito convencido e cheio de si, falou a um servo de Deus: "Deus precisa de mim. Quero servi-lO." O servo de Deus respondeu: "Jesus só falou uma vez que precisava de alguém – e esse alguém era um jumento" (comp. Mc 11.3).
Quem se considera muito importante como candidato a obreiro no Reino de Deus, facilmente pode ser degradado ao patamar de um jumento.
Muitas vezes o orgulho não produz uma ampliação nos horizontes, uma expansão no ministério para o Senhor, como os orgulhosos muitas vezes pensam e querem, mas exatamente o contrário: eles se tornam imprestáveis para o serviço cristão e se tornam pequenos no Reino de Deus. A Bíblia diz em 2 Coríntios 10.18:"Porque não é aprovado quem a si mesmo se louva, e, sim, aquele a quem o Senhor louva."
Por Jesus ter se humilhado tanto na cruz,"...Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome" (Fp 2.9). E exatamente este mesmo princípio Jesus reafirmou em Lucas 14.11: "Pois todo o que se exalta será humilhado; e o que se humilha será exaltado."
5- Porque a humilhação vem, muitas vezes, por meio de outras pessoas
É disso que o Senhor fala em Lucas 14.8b-9: "...para não suceder que, havendo um convidado mais digno do que tu, vindo aquele que te convidou e também a ele, te diga: Dá o lugar a este. Então irás, envergonhado, ocupar o último lugar." Mesmo que o orgulho esteja relativamente escondido e se manifeste em segredo, um dia ele aparece e a humilhação se torna do conhecimento de todos. Meio que sorrateiramente, sem chamar muita atenção, alguns convidados se assentaram nos melhores lugares. Mas quando o anfitrião mandou que eles tomassem os lugares inferiores, todos ficaram sabendo.
É curioso observar que as pessoas orgulhosas são, muitas vezes, humilhadas exatamente por aquelas pessoas que elas queriam adular e agradar. No reino de Assuero, por exemplo, um certo Hamã gozava de todos os privilégios possíveis concedidos pelo rei (Et 3.1). Mas tão logo, através de Ester, sua esposa judia, Assuero ficou sabendo dos planos e das intenções orgulhosas de Hamã (ele queria enforcar o judeu Mardoqueu, por não o bajular, e queria mandar matar todos os judeus em um dia pré-determinado), iniciou-se a queda de Hamã de uma maneira que ninguém conseguiria deter: Hamã acabou enforcado juntamente com seus filhos (Et 7.10; 9.25).
6- Porque o orgulho produz insegurança
Muitas vezes as pessoas que têm uma tendência ao orgulho se mostram muito seguras de si, mas, na verdade, elas são movidas por uma estranha insegurança. Elas não estão firmes, não sabem qual o melhor caminho para si e não são confiáveis nas coisas espirituais. E isso acontece porque elas estão em um falso caminho, e porque no fundo de seu coração sabem que podem cair de onde se encontram: "Pois todo o que se exalta será humilhado..."
7- Porque só as pessoas humildes são íntimas do Senhor
Lucas 14.10 diz: "Pelo contrário, quando fores convidado, vai tomar o último lugar; para que, quando vier o que te convidou, te diga: Amigo, senta-te mais para cima. Ser-te-á isto uma honra diante de todos os mais convivas." No início dizíamos que os orgulhosos levam uma vida que passa longe da cruz de Cristo, até contrária ao Senhor, e que os humildes, ao contrário, têm uma vida com Cristo em seu centro; essas pessoas vivem da Sua Palavra e têm a mentalidade do Senhor. Por isso, na parábola que estamos tratando, só o convidado humilde é chamado de "amigo": "Amigo, senta-te mais para cima." O Senhor não disse: "Vós sois meus amigos, se fazeis o que eu vos mando"(Jo 15.14)?!
Só os humildes têm suas fronteiras ampliadas, só os humildes são exaltados. Por quê? Porque eles têm a mesma mentalidade que o seu Mestre. Ele disse: "Pois todo o que se exalta será humilhado; e o que se humilha será exaltado" (Lc 14.11).

O caminho para a verdadeira humildade

Agrada-me fazer a tua vontade, ó Deus meu; dentro em meu coração está a tua lei.
Só através de muita oração, e não através do simples pedido: "Senhor, humilha-me!" é que chegamos à humildade; somente através de uma decisão consciente de nossa vontade, que se transforma em ação, é que chegamos à humildade verdadeira. Jesus Cristo humilhou-se a si mesmo, pois a Bíblia diz: "...a si mesmo se humilhou" (Fl 2.8). Ele disse: "...agrada-me fazer a tua vontade, ó Deus meu; dentro em meu coração está a tua lei" (Sl 40.8).
Na nossa parábola, o Senhor mostra como se pratica a humildade:
– "...não procures o primeiro lugar..." (Lc 14.8);
– "...vai tomar o último lugar..." (v. 10);
– "... o que se humilha..." (v. 11).
É imprescindível assumir uma atitude como João Batista teve, quando disse, olhando para Jesus: "Convém que ele cresça e que eu diminua" (Jo 3.30). É por isso que João Batista era tão grande aos olhos de Deus. O Senhor testemunhou acerca dele: "Entre os nascidos de mulher, ninguém é maior do que João" (Lc 7.28). Por isso é tão necessário eleger diariamente o caminho da humildade e ficar nele: "Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de Deus, para que ele, em tempo oportuno, vos exalte" (1 Pe 5.6). Amém. (Norbert Lieth - http://www.chamada.com.br)

Os Riscos Biológicos e Bíblicos do Aconselhamento Centralizado no Problema

Em nosso livro Christ-Centered Ministry Versus Problem-Centered Counseling [não disponível em português – NR], revelamos as origens do aconselhamento centrado no problema e afirmamos que essa abordagem foi uma das coisas que o movimento de aconselhamento psicológico herdou de seus precursores mesmerianos e freudianos. Nesse livro e em textos anteriores, mostramos os paralelos entre o movimento do aconselhamento psicológico e o movimento do aconselhamento bíblico, particularmente na tendência que os dois têm de adotar a abordagem centrada no problema.
A Associação Americana de Conselheiros Cristãos (AACC) está oferecendo novamente um curso intitulado “Cuidando de Pessoas à Maneira de Deus II”. A Associação afirma que “mais de 50.000 pessoas e igrejas se inscreveram no primeiro curso”. A primeira pergunta que eles fazem para convencer as pessoas a pagarem a taxa de inscrição de 400 dólares é: “Sua família e seus amigos costumam pedir sua ajuda para resolverem seus problemas?”(negrito acrescentado) Esse é exatamente um dos muitos exemplos de como o aconselhamento centrado no problema tornou-se a quintessência dos que se auto-intitulam conselheiros cristãos.
Resolver problemas não deveria ser o objetivo central do ministério pessoal do Corpo de Cristo. Os problemas deveriam ser vistos como oportunidades para se aproximar do Senhor e crescer espiritualmente. Não estamos dizendo: “Não fale sobre problemas!” Não se trata de escolher uma coisa ou outra; é uma questão de qual é a ênfase e de como os problemas são tratados e usados para motivar um crente a buscar o Senhor, acompanhá-lo e dar mais um passo no processo de sua transformação na semelhança de Cristo. O conselho que damos aos crentes é que diminuam e generalizem as conversas sobre seus problemas e se concentrem em usá-los como um lembrete de que precisam se aproximar de Deus. A preocupação com os problemas e a busca de soluções através do aconselhamento são fatores que freqüentemente inibem o crescimento espiritual. Em resumo: Cristo deve ser o centro de todo ministério cristocêntrico; mas, no aconselhamento centrado no problema, são os problemas que costumam ocupar a posição central.
Em certas situações, existem razões biológicas e bíblicas para não se usar o aconselhamento centrado no problema.

Razões Biológicas

O aconselhamento centrado no problema pode ser particularmente perigoso quando existem desordens físicas desconhecidas. Ao longo de toda a história da psiquiatria e da psicoterapia, houve enfermidades físicas não-detectadas que foram tratadas como distúrbios mentais, e isso ainda acontece. Dois exemplos são a paresia geral, resultante da invasão do cérebro pela espiroqueta da sífilis, e a psicose pelagrosa, causada por uma carência alimentar de ácido nicotínico. Várias pessoas que sofriam de uma dessas doenças foram diagnosticadas como esquizofrênicas e tratadas de acordo. O caso abaixo é apenas um dos muitos exemplos desse tipo de erro de diagnóstico.
Uma mulher de vinte e dois anos apresentava certos sintomas semelhantes aos da esquizofrenia. Em vez de indicar um exame físico minucioso, o psiquiatra a quem ela foi encaminhada diagnosticou seu problema como esquizofrenia e prescreveu o tratamento indicado para o caso. Porém, mais tarde, descobriu-se que a depressão e as alucinações que ela relatava eram causadas por uma psicose pelagrosa, provocada por uma dieta tão rigorosa que a fazia praticamente passar fome.
Ainda hoje, muitas pessoas que na verdade estão sofrendo de problemas físicos são encaminhadas erradamente para a psicoterapia.
Tratar uma pessoa dessas com psicoterapia ou medicação psicotrópica, em vez de tratar do problema físico, não só impede a possível cura como ainda acrescenta mais sofrimento à agonia da própria doença. Dá para imaginar quantas pessoas sofriam desses distúrbios físicos e foram tratadas com técnicas psicológicas por um psiquiatra ou psicoterapeuta por ignorância da verdadeira causa do problema? Até a doença de Parkinson já foi considerada um distúrbio mental e tratada com psicoterapia.
Isso nos leva à questão dos erros de diagnóstico e da tendência de encaminhar as pessoas para a psicoterapia. Ainda hoje, muitas pessoas que na verdade estão sofrendo de problemas físicos são encaminhadas erradamente para a psicoterapia. O neuropsiquiatra Sydney Walker III diz:
Todo ano, centenas de milhares de americanos que na verdade estão sofrendo de problemas médicos comuns como hipertireoidismo, doença de Lyme e até desnutrição são diagnosticados erradamente como portadores de distúrbios psiquiátricos. Pesquisas mostram que a proporção de erros de diagnóstico é superior a 4 em cada 10.
Existe uma grande quantidade de problemas físicos que apresentam sintomas mentais e emocionais – sintomas comportamentais. Alguns desses distúrbios biológicos estão em seus estágios embrionários – ainda não são detectáveis. Esses sintomas podem provocar desconforto no próprio indivíduo e gerar problemas de relacionamento. Muitas vezes, quando nenhuma doença é identificada, os conselheiros que adotam uma abordagem centrada no problema tratam desses distúrbios como se fossem problemas psicológicos ou espirituais. Entretanto, um ministro cristocêntrico conseguirá ajudar as pessoas, qualquer que seja a origem do problema, desviando o foco dos problemas o mais depressa possível e passando para uma abordagem centrada em Cristo, e usando os problemas como um catalisador para que a pessoa tenha um relacionamento mais íntimo com Cristo. Nós somos seres biológicos e espirituais ao mesmo tempo. Portanto, quando for o caso, o conselheiro deve sugerir que a pessoa que está procurando ajuda consulte um médico para fazer um exame de saúde.

Razões Bíblicas

Existem razões doutrinárias para que uma pessoa que procura ajuda ministerial não discuta certos problemas de sua vida com outros e para que os que a ajudam não incentivem essa prática nem participem desse tipo de conversa. Discutiremos apenas quatro das muitas doutrinas bíblicas violadas pelas abordagens de aconselhamento psicológico ou bíblico centradas nos problemas.

Violação da unidade da carne no casamento

O casamento proporciona muitas oportunidades de crescimento espiritual. Porém, em vez de usarem essas oportunidades de uma forma construtiva, os cônjuges geralmente se concentram nos problemas, jogam a culpa um no outro, e querem que a outra pessoa ou as circunstâncias mudem. Em vez de buscar ao Senhor e pedir que Ele opere em sua vida, essas pessoas procuram aconselhamento, contam seus problemas e esperam que o conselheiro faça alguma coisa (mude as circunstâncias ou o outro cônjuge). Muitas vezes, as pessoas querem que o conselheiro faça com que o outro cônjuge entenda seu ponto de vista. Se o aconselhamento não resolve os problemas, as pessoas sentem que já fizeram tudo que podiam, acham que não existe a menor chance de que as coisas mudem, e partem para a separação e o divórcio – tudo isso às custas do bem-estar de seus filhos.
O aconselhamento conjugal assumiu grandes proporções no mundo e na igreja. Mas, à medida que o número de pessoas que procuram aconselhamento conjugal foi crescendo, a taxa de divórcios aumentou. E isso inclui os cristãos professos, que estão se divorciando aproximadamente na mesma proporção que os não-cristãos.
Mas o que a Bíblia diz?
“Sujeitando-vos uns aos outros no temor de Cristo” (Ef 5.21).
“As mulheres sejam sujeitas a seus maridos, como ao Senhor” (Ef 5.22).
“Maridos, amai a vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja e por ela se entregou a si mesmo” (Ef 5.25).
Em vez de buscar ao Senhor e pedir que Ele opere em sua vida, muitos casais procuram aconselhamento, contam seus problemas e esperam que o conselheiro faça alguma coisa (mude as circunstâncias ou o outro cônjuge).
Baseados nesses versículos, concluímos que as seguintes atividades de aconselhamento centrado no problema são antibíblicas:
1. Não é bíblico discutir problemas conjugais com outras pessoas ou queixar-se do cônjuge na presença de outros.
Se um marido ama sua esposa como Cristo ama a igreja, não vai expor suas fraquezas e falhas diante dos outros (inclusive dos filhos). Se a esposa honra seu marido, sujeitando-se a ele (como a igreja a Cristo) e amando-o (Tito 2.3-4), não vai expor suas fraquezas e fracassos diante dos outros (inclusive dos filhos). É claro que existem exceções necessárias, como no caso de maus tratos ou abusos sexuais na família, ou de pecados como a pornografia, uso de drogas ilícitas ou embriaguez, que devem ser levados ao conhecimento da liderança da igreja, e, nos casos em que houver violação da lei civil, devem também ser denunciados às autoridades civis.
2. Não é bíblico discutir problemas conjugais com outras pessoas ou queixar-se do cônjuge na sua ausência.
Provérbios 18.17 diz: “O que começa o pleito parece justo, até que vem o outro e o examina”.Muitas vezes, um dos cônjuges tenta fazer com que um conselheiro ou amigo concorde com seu ponto de vista, falando do outro cônjuge na sua ausência. O que apresenta a situação primeiro pode conseguir o apoio do conselheiro ou amigo, mas a verdade às vezes vem à tona mais tarde. Além disso, essa forma de maledicência provoca ainda mais atrito no casamento e acaba sendo o tipo de fofoca que separa as pessoas. Provérbios 17.9 adverte:“O que encobre a transgressão adquire amor, mas o que traz o assunto à baila separa os maiores amigos”.
3. Não é bíblico discutir problemas conjugais com outras pessoas para fazer com que o outro cônjuge mude.
Se duas pessoas estão em conflito e uma delas acha que a culpa é da outra, elas estão desperdiçando uma ótima chance tentando mudar a outra pessoa ou simplesmente esperando que ela mude. Esse conflito pode ser uma excelente oportunidade de crescimento espiritual. Se nos concentramos demais no outro e naquilo que precisa mudar na vida dele, podemos acabar não enxergando mais nada e desperdiçando uma boa oportunidade. Toda dificuldade que enfrentamos na vida é uma chance que temos de crescer espiritualmente (Romanos 5.1-5; Romanos 8.28-29). Muitas vezes os crentes oram para que Deus mude a outra pessoa, quando eles mesmos precisam se aproximar do Senhor, conhecê-lO melhor e amá-lO mais completamente. Todo crente tem inúmeras oportunidades de se concentrar em seu próprio relacionamento com Cristo, de esperar que Ele opere em sua vida para que haja crescimento espiritual, e de confessar seus próprios pecados, em vez de se preocupar com as falhas e fraquezas dos outros. Quando concentramos nossa atenção nas mudanças que precisam ocorrer na vida de outras pessoas, isso interrompe nossa própria transformação e crescimento espiritual (veja Gênesis 3.12-13).

Desonrando pai e mãe

Quando o aconselhamento centrado no problema procura encontrar a causa dos problemas no modo como a pessoa foi criada, isso geralmente leva o indivíduo a violar o mandamento:“Honra teu pai e tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor, teu Deus, te dá” (Êxodo 20.12). Mesmo que uma pessoa esteja com problemas, o quinto mandamento tem que ser obedecido. Esse mandamento exige exatamente o que diz – honrar pai e mãe. Para isso, é necessário não desonrar pai e mãe diante de terceiros, principalmente se eles não estão presentes para se defender (Provérbios 18.17).
Os conselheiros que usam abordagens centradas no problema permitem muitas vezes que seus aconselhados desonrem pai e mãe. Freqüentemente, eles até incentivam e participam do processo. Os que seguem a fórmula freudiana desonram seus pais e mães jogando sobre eles a culpa de seus problemas, principalmente sobre as mães. Isso contraria a Bíblia.
Ministros que centram seu aconselhamento em Cristo não precisam falar sobre a mãe e o pai da pessoa que procura ajuda. Eles devem desestimular essa prática de atribuir a culpa aos pais e mudar o foco para a busca de um crescimento espiritual que leve o indivíduo a tornar-se semelhante a Cristo. Afinal de contas, todo crente verdadeiro é nascido de novo e tem um novo Pai, uma nova família e um Espírito Santo que habita dentro dele.

Pondo a culpa no passado

“Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado; mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” (Fp 3.13, 14).
O apóstolo tinha boas razões para, sob a unção do Espírito Santo, colocar-se como um exemplo a ser seguido. Muitos conselheiros que usam a abordagem centrada no problema enfatizam o passado e se concentram nele, embora isso não seja bíblico. Ficar preso ao passado pode ser um grande empecilho para prosseguir “para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus”.
Além disso, concentrar-se no passado maximiza o que foi feito ao velho homem da carne, que deve ser mortificado, e não “curado” ou consertado. Quando reviramos o passado para tentar encontrar explicações para os problemas do presente, jogamos a culpa em outras pessoas e circunstâncias, e não nas responsabilidades e possibilidades do próprio indivíduo. Além disso, por causa da própria natureza da memória, não se consegue lembrar do passado sem aumentar, enfeitar, omitir ou criar detalhes para preencher as lacunas. Portanto, esse método de ajuda é falho, pois o cérebro tem uma capacidade de memorização limitada e tende a distorcer os fatos.
Muitos conselheiros que usam a abordagem centrada no problema enfatizam o passado e se concentram nele, embora isso não seja bíblico.
Cristo cuidou do passado de cada crente na cruz, ao morrer pelos nossos pecados. Quando os crentes se identificam com a morte e a ressurreição de Cristo, eles são libertos do passado da carne, e também de seu poder. Eles adquirem uma nova vida em Cristo e devem viver de acordo com ela. Toda tentativa de curar as feridas do passado é inútil, porque não se deve tentar curar o que deveria estar morto e enterrado. Isso fortalece a carne e leva a um modo de viver carnal, e não a um andar segundo o Espírito. Ministros cristocêntricos estimulam e ajudam a pessoa a deixar seu passado aos pés da cruz e prosseguir “para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus”.

Concentrando a atenção no ego e fortalecendo a carne

“No sentido de que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe segundo as concupiscências do engano, e vos renoveis no espírito do vosso entendimento, e vos revistais do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade” (Ef 4.22-24).
“Então, disse Jesus a seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me” (Mt 16.24; veja também Marcos 8.34 e Lucas 9.23).
“Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim” (Gl 2.20).
Como já dissemos anteriormente, o cliente (i.e., o ego) chega com um problema, e o aconselhamento é direcionado para o ego e seu problema. Desse modo, o aconselhamento centrado no problema é, na verdade, centrado no ego. Os dois estão intrinsecamente ligados. Seria melhor chamar essa atividade antibíblica de “aconselhamento centrado no problema/ego”.

Concentrando-se nos problemas

Mesmo que a causa de um problema pudesse ser corretamente identificada, será que isso traria solução para o problema, ou serviria apenas como justificativa ou desculpa?
Quando uma pessoa vai pedir conselhos a alguém, geralmente é porque existe um problema. Assim, este se torna o ponto central do conselho. A abordagem de aconselhamento centrada no problema gasta muito tempo discutindo os problemas (em geral de forma bastante detalhada) para descobrir sua causa. Entretanto, esse longo processo acaba se transformando num exercício de suposição. Os psicólogos podem tentar encontrar a causa dos problemas no inconsciente e no passado (pais e circunstâncias) ou nas situações que a pessoa está vivendo atualmente e em sua forma errada de pensar. Os conselheiros bíblicos podem tentar encontrar a causa nos ídolos do coração (Jeremias 17.9-10) e/ou identificar pecados relacionados com versículos bíblicos, como a embriaguez (1 Coríntios 6.9-11), por exemplo. Porém, isso nos lembra os três amigos de Jó, que embora apresentassem explicações para seus problemas como se tivessem conhecimento de causa, estavam apenas fazendo conjecturas baseadas em seu próprio conhecimento e entendimento limitado. Eles acabaram acusando Jó injustamente e apresentando uma imagem falsa de Deus. Só Deus conhece o coração e o que precisa ser mudado. Nós só vemos o pecado exterior, e podemos ter que confrontá-lo se necessário. Entretanto, grande parte do aconselhamento centrado no problema baseia-se em suposições acerca do indivíduo. Mas, mesmo que a causa pudesse ser corretamente identificada, será que isso traria solução para o problema, ou serviria apenas como justificativa ou desculpa?

Um exemplo

De acordo com o Psychotherapy Networker, um periódico voltado para profissionais de saúde mental, “80% dos terapeutas particulares fazem terapia de casais” (Vol. 26, No. 6, p. 28). Imagine a seguinte situação:
Um casal está com um problema e procura o terapeuta para se aconselhar. Para que o aconselhamento seja feito, eles precisam dizer qual é o problema. Ele fala, ela fala, e geralmente o terapeuta faz perguntas que esclarecem ainda mais os detalhes do problema. Os dois cônjuges geralmente irritam um ao outro ou discordam do ponto de vista que cada um tem sobre a questão. O terapeuta foi treinado para não tomar partido, mas apenas moderar as interações enquanto os problemas são expostos, tipicamente sem emitir julgamento, embora isso esteja mudando, e hoje em dia já existam conselheiros que tomam partido de um ou outro lado. Quando a terapeuta já ouviu o suficiente, são feitas sugestões e recomendações e, confiantes, os dois cônjuges se comprometem a se esforçar para melhorar a situação. Uma nova consulta é marcada para que o casal diga se houve progressos ou não.
Quer se trate de um casal ou de apenas um indivíduo, o cenário não muda muito. Qualquer que seja o problema, ele é o ponto central de toda a conversa. Como a tarefa do conselheiro é resolver problemas, ele precisa conhecer os detalhes. O conselheiro que adota uma abordagem centrada no problema precisa ouvir toda a explicação da situação, tentar entender o problema baseado numa teoria ou suposição qualquer, e oferecer algum tipo de solução. No caminho até chegar às sugestões e tarefas para casa, se existirem, com certeza os princípios bíblicos descritos neste artigo serão violados: a unidade da carne no casamento, honrar pai e mãe, jogar a culpa no passado, colocar o eu em primeiro lugar e fortalecer a carne.

Olhando para Jesus

No ministério cristocêntrico, não é preciso conhecer os problemas específicos nem saber os detalhes. Também não há necessidade de tentar descobrir a causa dos problemas. Em vez disso, tanto a pessoa que procura ajuda quanto a que presta auxílio devem agir de modo bíblico e espiritual diante da vida. Andar segundo o Espírito é viver conforme o exemplo de vida de Cristo e, portanto, andar em amor.
À medida que o fruto do Espírito se desenvolve em nossa vida, vamos aprendendo a amar como Ele ama, a descansar na Sua paz que excede todo entendimento, e até a sentir Sua alegria.
O amor é sempre o ponto central na vida cristã. O amor deve ser alimentado e incentivado. Deve haver um fluxo constante de amor, que inclui misericórdia e sinceridade. O amor também envolve obediência ao Senhor. Portanto, se existe algum pecado conhecido, o fluxo de amor diminui.
O foco do ministério não deve estar nos problemas. Colocar o foco nos problemas e trazer à tona as coisas desagradáveis que aconteceram com a pessoa é algo que costuma aumentar a intensidade dos problemas. Portanto, deve-se desestimular essa exposição dos detalhes e incentivar a pessoa a buscar ao Senhor e à Sua Palavra.
O quê? Mas como os problemas podem ser resolvidos se não forem descritos nos mínimos detalhes? Em primeiro lugar, Deus já conhece o problema. Ele sabe o que precisa ser mudado em cada uma das pessoas envolvidas. Alguém de fora vai ter apenas uma visão parcial, na melhor das hipóteses.
No ministério cristocêntrico, a ênfase está em Cristo – e Cristo crucificado – e em tudo que isso envolve. Como declarou Paulo: “E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito” (2 Coríntios 3.18). À medida que conhecemos Cristo melhor e nos concentramos nEle – em Seu amor, Seu sacrifício, Sua perseverança e paciência, Sua longanimidade, Sua paz, Sua alegria – vamos ficando cada vez mais semelhantes a Ele. Então, à medida que o fruto do Espírito se desenvolve em nossa vida, vamos aprendendo a amar como Ele ama, a descansar na Sua paz que excede todo entendimento, e até a sentir Sua alegria – um tipo de alegria que Lhe permitiu suportar o suplício da cruz.
Na abordagem cristocêntrica, tanto a pessoa que procura ajuda quanto o conselheiro estudam e aplicam a Palavra de Deus. Eles dedicam tempo à Palavra de Deus para que o Espírito Santo tenha oportunidade de trabalhar em ambos.
“Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração. E não há criatura que não seja manifesta na sua presença; pelo contrário, todas as coisas estão descobertas e patentes aos olhos daquele a quem temos de prestar contas” (Hebreus 4.12-13).
“Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” (2 Timóteo 3.16-17).
O conselheiro que adota uma abordagem centrada em Cristo entra nesse relacionamento sabendo que deve incentivar e orientar o aconselhado a conhecer melhor o amor de Cristo e a ser transformado na imagem dEle. O aconselhado pode aprender e usar sugestões dadas pelo conselheiro, porém é ele que tem a responsabilidade final de discernir a vontade do Senhor e de fazer o que Ele exige, colocando-se diante do Senhor em oração e pedindo ajuda ao único verdadeiro Conselheiro.
Na abordagem cristocêntrica, tanto a pessoa que procura ajuda quanto o conselheiro estudam e aplicam a Palavra de Deus.
“Irmãos, se alguém for surpreendido nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi-o com espírito de brandura; e guarda-te para que não sejas também tentado. Levai as cargas uns dos outros e, assim, cumprireis a lei de Cristo. Porque, se alguém julga ser alguma coisa, não sendo nada, a si mesmo se engana. Mas prove cada um o seu labor e, então, terá motivo de gloriar-se unicamente em si e não em outro. Porque cada um levará o seu próprio fardo” (Gálatas 6.1-5).

Conclusão

Um conselheiro cristocêntrico ajuda a pessoa a tirar o foco dos problemas e colocá-lo em Cristo, o mais depressa possível. O conselheiro não precisa conhecer o problema, e muito menos saber de detalhes. Se o cliente não puder falar dos defeitos de seu cônjuge, de seu pai ou de sua mãe, se não puder passar horas falando do passado, se não puder fugir da autonegação, um psicólogo ou conselheiro cristão que adote a abordagem centrada no problema provavelmente não saberá o que fazer e provavelmente ficará perplexo. Mas qualquer conselheiro cristão estaria agindo de maneira antibíblica se encorajasse ou provocasse esse tipo de conversa.
Por outro lado, há muito para se dizer e fazer no ministério cristocêntrico, pois ele ensina e proclama Cristo crucificado e tudo o que a Palavra diz sobre Ele. Entretanto, como tudo converge para Cristo e para o relacionamento do crente com Ele, o conselheiro precisa dizer como João Batista: “Convém que ele cresça e que eu diminua” (João 3.30). O trabalho é permanente, mas o papel do conselheiro vai se tornando cada vez mais secundário.
O ministério cristocêntrico incentiva a autonegação, o viver para Cristo e o crescer em Cristo. Ninguém pode fazer tanto para mudar a vida de um indivíduo quanto ele mesmo e o Senhor trabalhando juntos. Como recomendou Paulo aos crentes:
“Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha presença, porém, muito mais agora, na minha ausência, desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor; porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade. Fazei tudo sem murmurações nem contendas, para que vos torneis irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração pervertida e corrupta, na qual resplandeceis como luzeiros no mundo, preservando a palavra da vida” (Filipenses 2.12-16a).
Não há nada no mundo que se compare nem de longe com o que todo crente verdadeiro tem à sua disposição para ajudá-lo a viver a vida em sua plenitude, crescer até a estatura de Cristo e transmitir vida a outras pessoas. Que cada um de nós tenha a coragem para ministrar o amor de Deus em misericórdia e verdade, evitando os perigos do aconselhamento centrado no problema. (Martin e Deidre Bobgan - PsychoHeresy Awareness Letter -http://www.chamada.com.br)

Como entender corretamente os textos proféticos da Bíblia?

Israel como exemplo de caso

A existência do Estado de Israel tem algum significado teológico relevante para nós? Ou é apenas um fato político “normal” sem relação direta com a história da salvação divina e com nosso entendimento bíblico? Essas duas posições diferentes são defendidas por cristãos que se consideram fiéis à Bíblia. Na história da interpretação bíblica o caso de Israel sempre foi emblemático e desempenhou um papel-chave para entender o que a Bíblia diz e demonstra como lidar com outros textos proféticos: Jesus estabelecerá um reino de mil anos de paz (o Milênio)? As profecias ainda não cumpridas do Antigo Testamento se cumprirão literalmente? A Igreja de Jesus substituiu o antigo povo de Israel?
Usar Israel como exemplo de caso adequa-se para estudar e entender qualquer outro texto profético da Bíblia. Dentro da brevidade aqui exigida tentaremos analisar as questões hermenêuticas (relativas à interpretação) que devem ser esclarecidas se quisermos compreender corretamente o que a Bíblia tem a declarar acerca do futuro.

1. Os dois polos na questão de Israel: substituído pela Igreja ou promessas concretas para o futuro do antigo povo de Deus?

Vamos limitar-nos à comparação entre essas duas correntes antagônicas sem entrar no fato de que nos dois “campos” existem ainda mais diferenciações e variantes.
a) Teologia da substituição: as promessas feitas a Israel e ainda não cumpridas foram transferidas à Igreja de Jesus. Promessas terrenas (como o retorno à terra de Israel) não se cumprirão literalmente; elas foram transferidas simbólica e espiritualmente à Igreja do Novo Testamento. Essa posição é conhecida como a Teologia da Substituição, já que substitui o povo de Israel (como etnia) pelo Israel “espiritual”, a Igreja. Dentro dessa concepção o retorno do povo de Israel à sua terra não teria qualquer significado profético no plano divino de salvação.
A tese de que a Igreja substituiu Israel é um elemento básico no Amilenismo, que ensina que não haverá um reino de mil anos literal (Milênio). Segundo essa corrente, aquilo que Apocalipse 20 descreve já começou por ocasião da primeira vinda de Jesus e perdurará até Sua volta. Essa é a posição clássica da teologia reformada (e em parte da luterana).
Com isso desaparecem quase todas as diferenças entre o Antigo e o Novo Testamento, a Aliança Abraâmica vale tanto para Israel como para a Igreja (“Teologia Aliancista”). Segundo Calvino, o Israel do Antigo Testamento já era a Igreja “como que na infância” (Institutas II, 11.2). O “Israel verdadeiro” é absorvido pela “Igreja de Jesus”, existe apenas uma “comunhão dos crentes, e essa comunhão existia desde o início da antiga ordem até o tempo atual e existirá na terra até o fim do mundo”.[1]
b) Cumprimento literal: as promessas ainda em aberto para Israel como povo se cumprirão literalmente no futuro. Delas fazem parte a conversão do remanescente (“todo o Israel”, Rm 11.26) ao Messias em conexão com a volta de Jesus e então sua existência sem opressão em sua própria terra (“restauração de Israel”). Dentro dessa perspectiva, o retorno do povo secular à terra de Israel depois da Segunda Guerra Mundial faz parte do cumprimento do plano divino. E esse retorno cria as condições para os futuros eventos de Zacarias 12 a 14.
Dentro da perspectiva literal, o retorno do povo secular à terra de Israel depois da Segunda Guerra Mundial faz parte do cumprimento do plano divino.
Dentro dessa perspectiva esperamos um cumprimento literal das promessas de um reino milenar, para cujo estabelecimento o Senhor voltará. Essa é a posição do Pré-Milenismo (Jesus virá antes do estabelecimento do Milênio real). Na Europa essa posição ficou mais conhecida como Dispensacionalismo.[2] Mas nesse debate não deveríamos nos ater a “rótulos”, já que não existe um Dispensacionalismo fechado, mas diversas variantes agrupadas em volta de uma idéia central.[3] Repetidamente os detratores do cumprimento literal esboçam a caricatura de um Dispensacionalismo extremado. Aí surge a impressão de que todos os que esperam pela restauração de Israel e por um Milênio literal também apóiam doutrinas dispensacionalistas particulares (por exemplo, que o Sermão do Monte se aplica somente ao Milênio...). Esse definitivamente não é o caso!
Com isso chegamos a um resultado intermediário: as posições “a” e “b” se excluem mutuamente e exigem um posicionamento. Que pontos de orientação nos seriam úteis nessa tomada de posição?

2. A posição reformada acerca das Escrituras: retorno ao sentido literal da Bíblia.

Um propósito central dos reformadores era o retorno a um entendimento claro da voz das Escrituras (claritas scripturae). Isso exigiu da parte deles uma postura firme contra a arbitrariedade na exegese das Escrituras que se instaurara ainda nos primeiros séculos da História da Igreja. Na época, ao invés de aceitar o sentido literal dos textos como determinante, buscava-se um sentido “múltiplo” no que as Escrituras declaram. Com isso abriram-se as portas para todo tipo de alegoria (simbolismo), espiritualização e reinterpretação do texto sagrado. Isso conduziu a uma deturpação das verdades que Deus havia revelado aos escritores da Bíblia.
Um dos protagonistas dessa “espiritualização” foi Orígines, um dos pais da Igreja (185-254), posteriormente criticado duramente, e com justiça, por Martim Lutero. À alegoria e à arbitrariedade na exegese de textos bíblicos os reformadores contrapunham sua reivindicação central: válido seria o sentido simples e evidente das Escrituras, o sentido “literal”. Segundo essa idéia, um texto bíblico deve ser interpretado da forma mais próxima possível de seu sentido original, o mais perto possível daquilo que seus autores originais queriam dizer, sempre levando-se em consideração a gramática, o uso idiomático e o contexto da passagem.

3. Como os reformadores entendiam Israel

Tendo em vista essa regra de aceitação do sentido literal de uma passagem bíblica, é surpreendente que os principais reformadores não a aplicaram quando se tratava da questão de Israel. Enquanto Lutero, em sua antiga interpretação de Romanos (de 1515 a 1516) ainda dizia que no fim dos tempos uma grande parte do povo judeu como “remanescente” étnico (como coletividade nacional) iria converter-se a Jesus, mais tarde afastou-se dessa interpretação. Calvino também explicou Romanos 11.25ss. – contrariando o sentido literal e o contexto – como a comunidade de judeus e gentios que viriam a crer em Cristo no decorrer de toda a história eclesiástica. Isso correspondia à sua idéia de uma só Igreja “desde o princípio até o fim do mundo” (veja o Catecismo de Heidelberg, pergunta 54).
Como foi possível essa “desapropriação” de Israel, com suas promessas especiais transferidas para a Igreja? Certamente as questões escatológicas não foram as que mais ocuparam a atenção dos reformadores. As batalhas teológicas mais decisivas aconteciam em outras áreas, especialmente na questão da salvação e acerca da doutrina da justificação.
Na área da Escatologia os reformadores ficaram presos à posição encontrada em Agostinho, um dos pais da Igreja (354–430). Mas já antes dele, ainda no segundo século, a igreja primitiva tinha começado a ver a si mesma como única herdeira das promessas feitas a Israel (carta de Barnabé, Justino Mártir). Oríogenes, com seu método alegórico, forneceu as ferramentas que possibilitaram transferir para a Igreja as passagens que eram destinadas a Israel. Mais tarde, a Igreja Católica Romana defendeu seu poderio e sua suposta eleição com todos os meios possíveis e imagináveis. Ela já não tinha o mínimo interesse em devolver as promessas feitas a Israel a seus verdadeiros e originais destinatários. Em seu reino milenar presente (amilenismo!), Cristo já estaria há muito reinando através do papado.
Enquanto Lutero, em sua antiga interpretação de Romanos (de 1515 a 1516) ainda dizia que no fim dos tempos uma grande parte do povo judeu como “remanescente” étnico (como coletividade nacional) iria converter-se a Jesus, mais tarde afastou-se dessa interpretação.
Pelo menos na questão do Milênio, nos três primeiros séculos a Igreja antiga ainda tentava preservar a substância bíblica, mantendo a doutrina de um Reino futuro. No mais tardar com Agostinho começou, também nessa questão, um afastamento do sentido literal da Escritura, e esse afastamento tornou-se predominante em toda a Igreja. E os reformadores, mais de mil anos depois de Agostinho, pelo visto não dispunham do tempo nem da necessária clareza para impor a validade de seus princípios escriturísticos à questão de Israel. Hoje, quem quiser se reportar conseqüentemente à Reforma nesse sentido, precisa ir decididamente além dos reformadores e aplicar a literalidade do texto sagrado a todas as questões, inclusive à questão de Israel. Caso contrário, ficará preso a um confessionalismo tradicionalista.

4. O sentido literal de textos proféticos

O leitor da Bíblia encontra-se diante de uma alternativa bem clara: estou disposto a deixar que o texto fale por si mesmo ou leio o texto bíblico através do filtro de um certo sistema teológico? É óbvio que nenhum leitor da Bíblia se aproximará do testemunho das Escrituras completamente isento do conhecimento que já tem e das convicções já formadas em seu coração . Cada um de nós tem a tendência de considerar sua própria explicação como a opção correta (até então), que também deveria fazer sentido para todos os outros.
Apesar desse elemento humano, a Palavra de Deus comprovou sua força fazendo-se entender e se impondo como verdade, mesmo diante dos maiores disparates.
Vejamos um exemplo para comprovar essa afirmação: o Antigo Testamento constantemente associa a renovação do coração do povo judeu com sua volta à terra. Sobre isso basta ler Ezequiel 36.24-28; Ezequiel 37.12-26; Amós 9.11-15 (comp. Jr 16.15; 23.8; 24.6; 31.8,23-34). Quem estudar esses textos encontrará declarações bem claras do Deus vivo acerca de Israel, Seu povo escolhido. A base para ligar a salvação com a terra é a Aliança Abraâmica (Gn 13.15; Gn 17.6-8, etc). Essa aliança é incondicional, ou seja, não impõe condições para ser válida nem depende da obediência de Israel. Como Deus iria invalidá-la?
No Novo Testamento essa promessa feita a Israel volta a ser reafirmada e não há uma palavra sequer dizendo que ela foi revogada ou invalidada, nem mesmo quando trata da unidade entre judeus e gentios formando juntos a Igreja (Ef 2.11ss.; Rm 11.17-24). E quando, por exemplo, Tiago cita em Atos 15.15-20 a promessa de Amós 9.11-12 feita para Israel nos tempos finais, ele não afirma, de forma alguma, que essa promessa já se cumpriu na Igreja ou com a Igreja. O que Tiago mostra ao citar essa passagem é que os planos futuros que Deus tem para Israel de forma alguma representam algum prejuízo para os gentios: se Deus, no futuro, plantar definitivamente Seu povo na terra de Israel, isso também será uma bênção para os gentios. Isso combina e se harmoniza perfeitamente (At 15.15), de forma que não podemos nem devemos excluir da Igreja os gentios convertidos nem considerá-los “cristãos de segunda categoria”. Os dois casos (cumprimento futuro da promessa de Amós e o atual ajuntamento da Igreja) são regidos pelo mesmo princípio: a bênção de Deus para judeus e a bênção de Deus para os gentios não são excludentes; elas incluem a ambos.
No Novo Testamento não há um único texto questionando a validade das promessas do Antigo Testamento feitas a Israel. Tudo o que o Novo Testamento diz sobre Israel e seu futuro converge para sua conversão a Jesus como seu Messias e a um cumprimento abrangente e pleno de todas as profecias. Numerosas afirmações (por exemplo, Mt 19.28; Mt 23.37-39; Lc 21.24; Lc 22.30; At 1.6; Rm 11.25-27) reforçam a esperança de Israel porque foram feitas pelo próprio Senhor Jesus (e depois confirmadas por Paulo).
Jacob Thiessen fez uma análise mostrando como são sólidas as fontes neotestamentárias garantindo uma restauração final de Israel (Israel und die Gemeinde [Israel e a Igreja], 2008). E Michel J. Vlach provou em sua dissertação que, onde o Novo Testamento complementa promessas do Antigo Testamento e as aplica a situações atuais (por exexemplo Amós 9.11ss. em Atos 15.15ss.), isso nunca acontece de forma a anular seu sentido original ou literal nem as retira de Israel.[4]
Por isso, sempre vale a pena batalhar pelo literalismo bíblico, inclusive quando a questão é Israel. O que está em jogo não é nada mais, nada menos que a fidelidade das promessas de Deus, que não deixará ao léu a menina dos Seus olhos (Zc 2.12; Dt 32.10). Igualmente em jogo está a nossa própria fidelidade para com o sentido verdadeiro do texto sagrado. Quem se desvia dele para satisfazer algum sistema teológico corre o risco de repetir o mesmo erro em outras áreas. Que Deus nos proteja disso! (Dr. Wolfgang Nestvogel -http://www.chamada.com.br)

Uma voz não familiar subitamente quebrou o silêncio em meu carro: “Pegue a saída à direita daqui a 150 metros, depois vire à esquerda”. Por um momento meu coração disparou. Não, eu não estava escutando a voz de Deus; era a primeira vez que eu ouvia um comando vindo do meu GPS novinho em folha. Recuperando a compostura, eu respeitosamente obedeci à diretiva clara e cheguei exatamente onde precisava chegar. Que instrumento fantástico para aqueles dentre nós que são “direcionalmente prejudicados” [ou seja, não têm certeza sobre a direção a seguir].
Uma das questões que nos deixam mais perplexos em missões é a que se refere ao chamado de Deus. Talvez você tenha ouvido missionários compartilhando que foram chamados para um determinado povo ou país. Será que eles possuem algum tipo de GPS celestial? Será que é realmente possível receber uma diretiva tão clara de Deus? Afinal, não é verdade que todos os cristãos são chamados para serem missionários? Muitas pessoas têm ponderado sobre essas questões ao longo dos anos. A boa notícia é que Deus proporciona respostas para os que são “direcionalmente prejudicados”.
O chamado de Deus deve ser entendido primeiramente em seu sentido mais amplo. Por exemplo, ele chama todos os cristãos para serem separados para Deus (Rm 1.7), pacificadores (1Co 7.15), e santos (1Pe 1.15). Além disso, espera-se que todos os seguidores de Cristo sejam sal e luz (Mt 5.13-14; Fp 2.15), testemunhas (At 1.8), e embaixadores de Cristo (2Co 5.20). Não há a menor dúvida de que Deus deseja que todos os crentes se unam para alcançar esse mundo perdido com o Evangelho. Mas, será que todos os cristãos deveriam se tornar missionários e imediatamente começar a fazer as malas? Não necessariamente.
Há fortes evidências de que Deus apresenta um chamado missionário para alguns indivíduos. Atos 13.1-4 revela um momento definitivo na vida de Barnabé e de Paulo, quando o Espírito Santo direcionou a igreja de Antioquia a separá-los “para a obra a que
os tenho chamado” (v.2). Qual era o chamado deles e a obra que deveriam fazer? Atos 9.15-16 nos diz que o apóstolo Paulo foi previamente designado como um “vaso escolhido” que levaria o Evangelho aos gentios, a reis, e aos filhos de Israel. Ele passou o restante de sua vida proclamando esse Evangelho onde Cristo não era conhecido (Rm 15.20). Parece claro e simples, certo? Não exatamente.
Peça a qualquer missionário para compartilhar sobre o chamado de Deus na vida dele e você descobrirá que cada história é única. O chamado de Deus pode vir em uma grande diversidade de maneiras. Ele pode se tornar claro através da oração e da leitura da Palavra. Pode se desenvolver por meio de uma conscientização cada vez maior sobre uma necessidade específica de ministério. Ou pode vir através de palavras e do encorajamento de um amigo ou de um pastor. Independentemente de como Deus chama você, quando Ele chama, você não pode se livrar do chamado. Como escreveu M. David Sills, um elemento crítico no chamado de Deus é “um desejo ardente indescritível que motiva uma pessoa além de todo o entendimento”.[1]
Talvez você já tenha sentido Deus chamando você para ser missionário, mas o próximo passo parece ser meio obscuro. Será que você deveria servir ao Senhor em Moçambique ou em Mumbai? No estado do Paraná ou na ilha de Santa Catarina?
Talvez você já tenha sentido Deus chamando você para ser missionário, mas o próximo passo parece ser meio obscuro. Será que você deveria servir ao Senhor em Moçambique ou em Mumbai? No estado do Paraná ou na ilha de Santa Catarina? Embora Deus certamente possa dar direções de formas dramaticamente claras, Ele geralmente caminha com você por meio de um processo que se desenrola um passo de cada vez. Não obstante, Sua mão é claramente evidente. Oswald Chambers escreveu:
A percepção do chamado de Deus pode vir como em um súbito estampido de trovão ou por meio de um amanhecer gradativo; mas, seja qual for a maneira, o chamado vem com a marca subjacente do sobrenatural, quase misteriosa”.[2]
Como você começa a viver seu chamado? Como missionário experiente, Paulo fez três declarações fantásticas em Romanos 1.14-16. Essas afirmações formam um excelente ponto de partida para qualquer pessoa que for chamada para ser missionária.

Perspectiva

Quando Paulo afirmou “Sou devedor”, no versículo 14, ele queria dizer que sabia quem era e de onde tinha vindo. Aquele que fora perseguidor e “o maior dos pecadores” nunca se esqueceu do que Deus fez em sua vida. A graça e a misericórdia eram tão reais e poderosas que transformaram a vida de Paulo para sempre. Como resultado, ele se via como um mordomo do Evangelho (1Co 9.16-17).
Vamos colocar as coisas da seguinte maneira: Imagine que você trabalha em um laboratório médico e um dia descobre a cura para o câncer. Querendo ou não, daquele momento em diante você é um mordomo; e você tem a obrigação de compartilhar aquela boa notícia com o mundo todo. Da mesma forma, todos os cristãos chamados para serem missionários devem desempenhar sua obrigação. Deus fez tanto por eles e lhes confiou a notícia mais importante de todas as épocas. Conseqüentemente, eles têm uma obrigação perante toda a humanidade.

Postura

Paulo não tinha apenas a perspectiva adequada, mas também demonstrava ter a postura correta. Em Romanos 1.15 ele declarou: “Estou pronto”. Paulo vivia em um estado perene de prontidão e se posicionava diariamente para agarrar todas as oportunidades de ministério.
Você alguma vez já refletiu sobre o peso das palavras de Paulo? Ele estava pronto para fazer exatamente o quê? Ele estava determinado a chegar a Roma, uma cidade mergulhada no paganismo e na idolatria. Imagine a preocupação dos amigos de Paulo.
Em 1856, John Paton estava fazendo os preparativos finais para servir como missionário em uma ilha do Pacífico Sul. Um senhor mais velho protestou: “Os canibais! Você será comido pelos canibais!”
John Paton respondeu: “Sr. Dickson, o senhor já está avançado em anos, e sua própria perspectiva é: logo serei colocado em uma sepultura para ser comido por vermes; e eu confesso ao senhor que, se eu puder viver e morrer servindo e honrando o Senhor Jesus, não fará para mim a menor diferença se vou ser comido por canibais ou por vermes; e no Grande Dia, meu corpo ressurreto se levantará tão sadio quanto o seu, à semelhança do nosso Redentor que ressuscitou”.[3] John Paton estava pronto.
Você foi chamado para ser um missionário? Então, começando hoje, esteja preparado para se levantar imediatamente e pronto para abraçar as portas abertas e as oportunidades.

Paixão

Paulo também demonstrou a verdadeira paixão: “Pois não me envergonho do evangelho de Cristo” (v. 16). Se havia um lugar no qual Paulo pudesse ficar intimidado quanto à pregação Evangelho, esse lugar certamente era Roma. Entretanto, embora o romano típico considerasse o Evangelho uma tolice, Paulo sabia que o Evangelho era o poder de Deus. Sua paixão decidida era proclamar as Boas-Novas sobre Jesus Cristo onde quer que fosse, a qualquer custo.
Se Deus está chamando você para o serviço missionário, vá em frente. Ocupe-se com aquilo que Deus puser em sua frente hoje. Explore maneiras de se envolver com aquilo que você crê que Deus o está chamando para fazer no futuro. Embora as especificidades possam parecer um tanto confusas agora, comece pedindo a Deus para ajudá-lo a desenvolver a perspectiva, a postura e a paixão corretas. Como disse John Paton: “Nada esclarece mais a visão nem dá tanto sentido à vida quanto a decisão de ir adiante naquilo que você sabe ser inteiramente da vontade do Senhor”.[4] (Don Lough Jr. - Israel My Glory -http://www.chamada.com.br)

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Quando as pedras clamam e os montes pregam
O mundo geológico ao contrário: o que normalmente está por baixo, nesse caso está por cima.
Um artigo num jornal suíço expressava seu espanto em relação à grande carreação geológica na região de Glarus, no centro da Suíça. Entre outras coisas, dizia:
Afinal, neste paredão vê-se algo que na realidade seria impossível: na área de Sool, camadas geológicas mais antigas estão por cima de camadas mais recentes. O normal é exatamente o contrário. O professor de Geologia Adrian Pfiffner, de Berna, ... refere-se a esse fenômeno extraordinário como um “milagre geológico”. Essa região deve ser declarada pela UNESCO como o terceiro patrimônio natural mundial da Suíça, com o nome de “Grande Carreação de Glarus”.
O artigo continua, dizendo:
O grandioso maciço alpino é um símbolo
da sublime grandeza do Criador onipotente.
As camadas geológicas viraram pelo avesso um acontecimento mundial decisivo: “Quando as placas continentais da Europa e da África se chocaram, empurrando a européia para debaixo da africana, formou-se uma região de compressão”... “Da compressão e deformação das rochas resultaram os Alpes, compostos de dobras – e carreações”.[1]
Aquilo que os geólogos interpretam como um processo natural é, para quem crê na Bíblia, resultado de outro evento mundial: o Dilúvio. As pessoas poupariam muito trabalho se simplesmente cressem nisso e pesquisassem os ensinos bíblicos. Os cientistas procuram a resposta para a criação nos elementos rochosos das montanhas. Cavam, medem, pesquisam e elaboram teorias que nos lembram o que está escrito em Jó 28.9: “Estende o homem a mão contra o rochedo e revolve os montes desde as suas raízes”.
Mas ao se maravilhar com esses fenômenos extraordinários, a maioria das pessoas não percebe que o Criador está por trás desses “milagres”, e que é o Senhor que vira as montanhas do avesso, de forma que as rochas mais antigas fiquem por cima das rochas mais recentes: “Ele é quem remove os montes, sem que saibam que ele na sua ira os transtorna” (Jó 9.5).
O grandioso maciço alpino é um símbolo da sublime grandeza do Criador onipotente, louvado pelos Salmos: “...ó Deus, Salvador nosso, ...que por tua força consolidas os montes, cingido de poder” (Sl 65.6). “Antes que os montes nascessem e se formassem a terra e o mundo, de eternidade a eternidade, tu és Deus” (Sl 90.2).
A imensa pressão das massas de água do Dilúvio empurrou as rochas, formando montanhas e vales.
A Bíblia não nos deixa na ignorância a respeito do que aconteceu para que as camadas rochosas ficassem invertidas e as montanhas atingissem a altura que têm hoje. O Salmo 104 aborda esse fenômeno, e o explica com uma clareza que não deixa qualquer dúvida:“Lançaste os fundamentos da terra, para que ela não vacile em tempo nenhum. Tomaste o abismo por vestuário e a cobriste; as águas ficaram acima das montanhas; à tua repreensão, fugiram, à voz do teu trovão, bateram em retirada. Elevaram-se os montes, desceram os vales, até ao lugar que lhes havias preparado” (vv.5-8).
A Terra foi criada por Deus quando o homem ainda nem existia (Jó 38.4). Por isso, a única fonte confiável de pesquisa é a Palavra dAquele que tudo criou. Assim, o homem deve buscar informações na Palavra de Deus e submeter-se a ela.
O Dilúvio (Gn 6-9), juízo que o Senhor derramou sobre a Sua criação de outrora porque esta tinha caído em um abismo de pecado, afastando-se dEle, cobriu todos os seres vivos. Também ficaram cobertas as montanhas, que naquela época provavelmente ainda não tinham a altura de hoje. Podemos partir do princípio de que antes do Dilúvio a criação tinha formatação diferente da atual, inclusive do ponto de vista geológico. Pedro dá uma indicação a respeito ao falar do mundo “antigo” e do mundo “de agora”: “...e não poupou o mundo antigo, mas preservou a Noé, pregador da justiça, e mais sete pessoas, quando fez vir o dilúvio sobre o mundo de ímpios” (2 Pe 2.5). “Porque, deliberadamente, esquecem que, de longo tempo, houve céus bem como terra, a qual surgiu da água e através da água pela palavra de Deus, pela qual veio a perecer o mundo daquele tempo, afogado em água. Ora, os céus que agora existem e a terra, pela mesma palavra, têm sido entesourados para fogo, estando reservados para o Dia do Juízo e destruição dos homens ímpios” (2 Pe 3.5-7).
O Dilúvio transformou o mundo “antigo” (que provavelmente era mais plano) em um mundo geologicamente “diferente”, como o conhecemos hoje. A imensa pressão das massas de água empurrou as rochas, formando montanhas e vales.
As maravilhas e fenômenos naturais que admiramos hoje são mais que um “patrimônio mundial”. São, na verdade, uma referência a Deus, Criador dos céus e da terra, que nos mostram Sua atuação.
As montanhas, porém, não são apenas uma referência à força criadora de Deus e ao Dilúvio. Ao mesmo tempo, chamam nossa atenção para o fato de que um dia Deus interferirá novamente, de forma sobrenatural, em Sua criação, por meio de outro juízo. Depois de Pedro ter falado sobre o mundo antes do Dilúvio e sobre o juízo derramado por Deus, ele faz uma ponte profética para um evento futuro, e escreve: “Ora, os céus que agora existem e a terra, pela mesma palavra, têm sido entesourados para fogo, estando reservados para o Dia do Juízo e destruição dos homens ímpios. Há, todavia, uma coisa, amados, que não deveis esquecer: que, para o Senhor, um dia é como mil anos, e mil anos, como um dia. Não retarda o Senhor a sua promessa, como alguns a julgam demorada; pelo contrário, ele é longânimo para convosco, não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento. Virá, entretanto, como ladrão, o Dia do Senhor, no qual os céus passarão com estrepitoso estrondo, e os elementos se desfarão abrasados; também a terra e as obras que nela existem serão atingidas” (2 Pe 3.7-10). Depois desse evento acontecerá uma nova criação, um novo céu e uma nova terra, em que não dominarão mais o pecado e a decadência, mas a justiça de Deus: “Nós, porém, segundo a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, nos quais habita justiça” (2 Pe 3.13).
Essas verdades imutáveis, reveladas na Palavra de Deus e demonstradas na Criação, têm como objetivo incentivar os cristãos a viverem de forma piedosa, isto é, a seguirem a Cristo afastando-se do pecado e colocando Deus acima de tudo em suas vidas, honrando exclusivamente a Ele. Além disso, a expectativa da volta de Cristo deve nos impulsionar a avançar em sua direção, isto é, a esperar ansiosamente por ela, já que ela pode acontecer a qualquer momento. Em sua segunda carta, Pedro escreve: “Visto que todas essas coisas hão de ser assim desfeitas, deveis ser tais como os que vivem em santo procedimento e piedade, esperando e apressando a vinda do Dia de Deus, por causa do qual os céus, incendiados, serão desfeitos, e os elementos abrasados se derreterão” (2 Pe 3.11-12).
Depois que Jesus tiver voltado e estabelecido o Seu reino, novas mudanças geológicas acontecerão, que deixarão Jerusalém mais elevada, não apenas devido à sua posição espiritual, mas também de forma literal: “O SENHOR será Rei sobre toda a terra; naquele dia, um só será o SENHOR, e um só será o seu nome. Toda a terra se tornará como a planície de Geba a Rimom, ao sul de Jerusalém; esta será exaltada e habitada no seu lugar, desde a Porta de Benjamim até ao lugar da primeira porta, até à Porta da Esquina e desde a Torre de Hananel até aos lagares do rei. Habitarão nela, e já não haverá maldição, e Jerusalém habitará segura” (Zc 14.9-11). Deus fala sobre isso também por intermédio do profeta Isaías: “Nos últimos dias, acontecerá que o monte da Casa do SENHOR será estabelecido no cimo dos montes e se elevará sobre os outeiros, e para ele afluirão todos os povos” (Is 2.2).
As massas rochosas clamam e as montanhas proclamam que há um Deus criador, que tem todo o poder, e que pode interferir em Sua criação a qualquer momento. Ao mesmo tempo, Ele mesmo é, em Cristo, o “monte” no qual encontramos refúgio, onde podemos nos esconder, onde encontramos proteção e segurança. “Envia a tua luz e a tua verdade, para que me guiem e me levem ao teu santo monte e aos teus tabernáculos” (Sl 43.3). (Norbert Lieth - http://www.chamada.com.br)

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