"Irmãos,
no que diz respeito à vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e à nossa
reunião com ele, nós vos exortamos a que não vos demovais
da vossa mente, com facilidade, nem vos perturbeis, quer por espírito,
quer por palavra, quer por epístola, como se procedesse de nós,
supondo tenha chegado o Dia do Senhor. Ninguém, de nenhum modo, vos engane,
porque isto não acontecerá sem que primeiro venha a apostasia
e seja revelado o homem da iniqüidade, o filho da perdição,
o qual se opõe e se levanta contra tudo que se chama Deus ou objeto de
culto, a ponto de assentar-se no santuário de Deus, ostentando-se como
se fosse o próprio Deus. Não vos recordais de que, ainda convosco,
eu costumava dizer-vos estas coisas? E, agora, sabeis o que o detém,
para que ele seja revelado somente em ocasião própria. Com efeito,
o mistério da iniqüidade já opera e aguarda somente que seja
afastado aquele que agora o detém; então, será, de fato,
revelado o iníquo, a quem o Senhor Jesus matará com o sopro da
sua boca e o destruirá pela manifestação da sua vinda"
(2 Ts 2.1-8).
Este trecho
da Segunda Epístola de Paulo aos Tessalonicenses é um apelo consolador
e tranqüilizador feito pelo apóstolo à igreja de Tessalônica.
Entretanto, pelo poder do Espírito Santo, essa carta também transmite
firmeza e certeza às igrejas de todas as épocas até chegar
o arrebatamento. Mas essa carta também pode ser entendida como um alerta
do apóstolo em relação a todos aqueles que querem abafar
a esperança viva dos filhos de Deus, ou seja, a esperança de serem
arrebatados antes da Grande Tribulação. Ela é um "libelo"
contra aqueles que querem arrancar os filhos de Deus da graça plena de
nosso Senhor Jesus Cristo. Por isso, também Pedro diz aos seus leitores
crentes: "Não vos amedronteis, portanto, com as suas ameaças,
nem fiqueis alarmados; antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração,
estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão
da esperança que há em vós" (1 Pe 3.14b-15).
Como
se distinguem entre si "o Dia de Jesus", "o Dia do Senhor"
e o "Dia de Deus"?
Para melhor
entendimento e interpretação da palavra profética, é
importante conhecer exatamente a diferença entre "o Dia de Jesus",
"o Dia do Senhor" e "o Dia de Deus".
Em 2 Tessalonicenses
2.1 Paulo menciona a "vinda de nosso Senhor Jesus Cristo" e a nossa
"reunião com ele". Com isso Ele se refere ao dia do arrebatamento.
No versículo 2 do mesmo capítulo, ele fala do "Dia do Senhor",
e a seguir discorre sobre os acontecimentos a ele relacionados. O "Dia
do Senhor" se refere à Grande Tribulação, ao juízo
de Deus sobre a terra com a subseqüente vinda de Jesus Cristo para o estabelecimento
do Seu reino. Esse sistema de ensino e essa diferenciação são
encontrados em toda a Bíblia. Um autor diz:
"Segundo
a revelação do Antigo Testamento, o Dia do Senhor será
um período de juízo que terá seu ponto culminante na vinda
de Cristo e será seguido por um período de bênçãos
divinas especiais no Milênio". (Hal Lindsey, "O Arrebatamento")
Na primeira
carta aos tessalonicenses o apóstolo Paulo fala principalmente do "Dia
de Cristo", e na segunda carta ele fala do "Dia do Senhor". Agora
vamos analisar mais de perto estes dois conceitos e também o terceiro
período, o "Dia de Deus":
1.
O Dia de Cristo
O "Dia
de Cristo" foi revelado somente no Novo Testamento e se aplica unicamente
à Igreja de Jesus. Por isso, ele está relacionado quase sempre
com bênçãos, com promessas e com a esperança da glória
de Cristo. Ele diz respeito ao retorno dos crentes renascidos para o reino do
Pai (a casa do Pai), mas também ao tribunal de Cristo que vai acontecer
nessa ocasião. Seguem alguns exemplos:
• "...aguardando
vós a revelação de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual também
vos confirmará até ao fim, para serdes irrepreensíveis
no Dia de nosso Senhor Jesus Cristo" (1 Co 1.7-8).
• "Estou
plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há
de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus" (Fp 1.6).
• "porque
morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus.
Quando Cristo, que é a vossa vida, se manifestar, então, vós
também sereis manifestados com ele, em glória" (Cl 3.3-4).
• Encontramos
outras passagens bíblicas sobre o assunto em 1 Coríntios 5.5;
1 Tessalonicenses 4.15-18; Filipenses 1.10; 2.16; 2 Coríntios 1.14; 5.10;
1 Timóteo 6.14; 2 Timóteo 4.8; 1 Pedro 1.7; 4.13 e 1 João
2.28.
2.
O Dia do Senhor
O "Dia
do Senhor", pelo contrário, não é uma nova revelação,
mas já era conhecido no Antigo Testamento. Esse "dia" tem a
ver com o justo juízo de Deus que cairá sobre o mundo incrédulo
e castigará a rebelião contra Ele. Nesse dia igualmente acontecerá
o juízo sobre o povo de Israel e seu restabelecimento espiritual. Trata-se
da intervenção evidente e visível de Deus nos acontecimentos
deste mundo.
Esse dia é
o dia da Grande Tribulação e começa depois do "Dia
de Cristo", ou seja, depois do arrebatamento. Ele resultará, finalmente,
na vinda de Jesus em poder e glória juntamente com os Seus santos. Por
isso ele também é chamado de "as dores" ou "dores
de parto" (1 Ts 5.3). Em sua abrangência mais ampla, o "Dia
do Senhor" se refere ao estabelecimento do reino de Jesus (Milênio)
e conduz à derradeira destruição do antigo céu e
da antiga terra. Também a esse respeito seguem alguns exemplos:
• "Porque
o Dia do Senhor dos Exércitos será contra todo soberbo e altivo
e contra todo aquele que se exalta, para que seja abatido. Então, os
homens se meterão nas cavernas das rochas e nos buracos da terra, ante
o terror do Senhor e a glória da sua majestade, quando ele se levantar
para espantar a terra" (Is 2.12 e 19; compare Ap 6.15-17).
• "Mostrarei
prodígios em cima no céu e sinais embaixo na terra: sangue, fogo
e vapor de fumaça. O sol se converterá em trevas, e a lua, em
sangue, antes que venha o grande e glorioso Dia do Senhor" (At 2.19-20).
• "se,
de fato, é justo para com Deus que ele dê em paga tribulação
aos que vos atribulam e a vós outros, que sois atribulados, alívio
juntamente conosco, quando do céu se manifestar o Senhor Jesus com os
anjos do seu poder, em chama de fogo, tomando vingança contra os que
não conhecem a Deus e contra os que não obedecem ao evangelho
de nosso Senhor Jesus" (2 Ts 1.6-8; compare 2 Ts 2.10-12).
• Outras passagens
bíblicas sobre o "Dia do Senhor" são encontradas em
Joel 1.15; 2.1-2; Ezequiel 30.3; Sofonias 1.14; Zacarias 14.4-5 e 8; 1 Tessalonicenses
5.1-5; 2 Pedro 1.16; 3.10 e Judas 14-15.
3.
O Dia de Deus
O "Dia
de Deus" é – após todos os acontecimentos mencionados anteriormente
– o dia em que o próprio Deus triunfará definitivamente; depois
que todo o mal tiver sido afastado e tudo estiver implantado na nova situação
eterna e permanente, quando Deus será tudo em todos. "Porque
convém que ele reine até que haja posto todos os inimigos debaixo
dos pés. O último inimigo a ser destruído é a morte.
Porque todas as coisas sujeitou debaixo dos pés. E, quando diz que todas
as coisas lhe estão sujeitas, certamente exclui aquele que tudo lhe subordinou.
Quando, porém, todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então,
o próprio Filho também se sujeitará àquele que todas
as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos" (1 Co 15.25-28).
Nesse contexto a Palavra diz aos crentes: "...esperando e apressando
a vinda do Dia de Deus, por causa do qual os céus, incendiados, serão
desfeitos, e os elementos abrasados se derreterão. Nós, porém,
segundo a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, nos quais
habita justiça" (2 Pe 3.12-13).
O
consolo roubado
"Irmãos,
no que diz respeito à vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e à nossa
reunião com ele..." (2 Ts 2.1). A primeira parte dessa frase
sem dúvida trata do arrebatamento da Igreja de Jesus, pois por intermédio
dele ocorrerá a união visível do Noivo com a Noiva (compare
também João 14.1-3 nesse contexto).
Nesse versículo
lemos em outras versões:
• "E
agora, uma palavra sobre a volta do nosso Senhor Jesus Cristo e a nossa reunião
para irmos encontrá-lO..." (A Bíblia Viva).
• "Ora,
irmãos, rogamo-vos, pela vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, e pela nossa
reunião com ele..." (Edição Revista e Corrigida).
Torna-se evidente
que em 2 Tessalonicenses 2.1 Paulo se refere à primeira carta aos tessalonicenses,
na qual explicou o arrebatamento em detalhes. Quando ele escreve na segunda
carta (2.1): "...no que diz respeito à vinda de nosso Senhor
Jesus Cristo e à nossa reunião com ele...", somos forçosamente
levados a pensar em 1 Tessalonicenses 4.17: "...e, assim estaremos para
sempre com o Senhor", ou na palavra de nosso Senhor Jesus em João
14.3: "...e vos receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou, estejais
vós também."
O
consolo
Em relação
ao arrebatamento da Igreja para junto de seu Senhor, está sempre em primeiro
plano o consolo e não o temor. Quando a Bíblia fala do arrebatamento,
constantemente menciona que a Igreja não precisa ficar entristecida,
pois tem um consolo maravilhoso na volta de Jesus.
Em João
14.1, onde o Senhor fala pela primeira vez sobre o arrebatamento dos Seus, Ele
enfatiza claramente: "Não se turbe o vosso coração;
credes em Deus, crede também em mim." A primeira parte desse
versículo diz na Bíblia Viva:
• "Que
os corações de vocês não fiquem aflitos..."
O Senhor disse
isso depois do sermão no Monte das Oliveiras, onde falou sobre
a Grande Tribulação ("Dia do Senhor") que virá
sobre toda a terra com angústia que nunca houve, e que antecederá
Sua vinda em glória (Mt 24.21-22; Lc 21.11). O que o Senhor disse poderia
ser traduzido com estas palavras: "A terra será visitada por um
período de juízos, uma grande aflição, e depois
Eu voltarei em glória. Mas tenham confiança, não fiquem
com o coração pesado. Virei separadamente para vocês e os
buscarei para Mim, para que vocês estejam onde eu estiver".
Em 1 Tessalonicenses
4.13 e 18 o apóstolo também fala sobre esse consolo: "Não
queremos, porém, irmãos, que sejais ignorantes com respeito aos
que dormem, para não vos entristecerdes como os demais, que não
têm esperança. Consolai-vos, pois, uns aos outros com estas palavras."
A Igreja recebeu esse consolo e esta esperança viva pela graça
e pelo poder do Senhor Jesus.
Em 1 Coríntios
15.51 e versículos seguintes, onde é descrito esse mistério,
lemos na finalização: "Portanto, meus amados irmãos,
sede firmes, inabaláveis e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo
que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão" (v. 58).
Paulo também
conclui o segundo capítulo da segunda carta aos tessalonicenses com este
profundo consolo para a Igreja: "Assim, pois, irmãos, permanecei
firmes e guardai as tradições que vos foram ensinadas, seja por
palavra, seja por epístola nossa. Ora, nosso Senhor Jesus Cristo mesmo
e Deus, o nosso Pai, que nos amou e nos deu eterna consolação
e boa esperança, pela graça, consolem o vosso coração
e vos confirmem em toda boa obra e boa palavra" (2 Ts 2.15-17).
O
arrebatamento antes da Tribulação
"Mas
vós, irmãos, não estais em trevas, para que esse Dia vos
apanhe de surpresa; porquanto vós todos sois filhos da luz e filhos do
dia; nós não somos da noite, nem das trevas. Porque Deus não
nos destinou para a ira, mas para alcançar a salvação mediante
nosso Senhor Jesus Cristo" (1 Ts 5.4-5 e 9).
Na primeira
carta aos tessalonicenses nos é mostrado claramente que o consolo da
Igreja consiste do fato que o arrebatamento nos livrará do dia
da ira de Deus (do "Dia do Senhor"): "...e para aguardardes
dos céus o seu Filho, a quem ele ressuscitou dentre os mortos, Jesus,
que nos livra da ira vindoura" (1 Ts 1.10). William McDonald diz:
Aquele
por quem esperamos é Jesus, "que nos livra da ira vindoura".
Essa descrição de nosso Senhor que voltará pode ser entendida
de duas maneiras:
1.
Ele nos livra do castigo eterno que merecemos pelos nossos pecados. Na cruz
Ele suportou a ira de Deus por nossos pecados. Pela fé em Jesus, o valor
da Sua obra na cruz é creditado a nós. Daqui por diante não
há mais condenação para nós, por estarmos em Cristo
(Rm 8.1).
2.
Ele nos livra igualmente da era de juízo que virá sobre esta terra,
quando a "ira" de Deus será derramada sobre um mundo que rejeitou
Seu Filho. Esse tempo é conhecido como "a Grande Tribulação",
ou também o tempo da "angústia de Jacó" (Dn 9.27;
Mt 24.4-28; 1 Ts 5.1-11; 2 Ts 2.1-12; Ap 6.1-17 e 10).
Essa "ira
de Deus" começará na Grande Tribulação, como
se vê claramente em Apocalipse 6.15-17. Também em 1 Tessalonicenses
5 é nitidamente do "Dia do Senhor" que o texto fala, dia que
virá como ladrão de noite (vv. 2-3). Mas nesse contexto de juízo
e castigo é dito à Igreja que ela será poupada desse dia:
"Mas vós, irmãos, não estais em trevas, para que
esse Dia como ladrão vos apanhe de surpresa; porquanto vós todos
sois filhos da luz e filhos do dia; nós não somos da noite, nem
das trevas. Porque Deus não nos destinou para a ira, mas para alcançar
a salvação mediante nosso Senhor Jesus Cristo" (1 Ts 5.4-5
e 9). A Bíblia Viva diz no versículo 9: "Porque Deus
não nos escolheu para derramar sua ira sobre nós, mas para nos
salvar por meio de nosso Senhor Jesus Cristo."
Portanto, em
resumo, podemos dizer: sempre que o Espírito Santo nos recorda o tema
do arrebatamento, somos lembrados de todo o consolo do Evangelho de Jesus, da
esperança da nossa vocação.
Os tessalonicenses
foram bem instruídos sobre esse assunto. Por isso eles ficaram tão
preocupados quando repentinamente surgiram rumores de que "o Dia do Senhor"
(a Grande Tribulação) já havia chegado. Pois estaria acontecendo
justamente o contrário do que eles haviam ouvido do apóstolo.
Eles logo se preocuparam, ficaram com medo, abalados, surpresos, tristes, e
começaram a vacilar. Por quê? Porque haviam abandonado a palavra
da graça.
Os
ladrões do consolo
Uma vez que
os tessalonicenses estavam tão frustrados, Paulo escreveu-lhes: "...a
que não vos demovais da vossa mente, com facilidade, nem vos perturbeis,
quer por espírito, quer por palavra, quer por epístola, como se
procedesse de nós, supondo tenha chegado o Dia do Senhor" (2 Ts
2.2). Os tessalonicenses haviam permitido que falsos pregadores roubassem
seu consolo.
A jovem igreja
de Tessalônica vivia num tempo de dura perseguição. Sua
fé estava sendo posta à prova. Eles foram afligidos da maneira
mais cruel e tiveram que suportar muita aflição e tribulação
(2 Ts 1.4-7). Além disso, nessa situação apareceram homens
que ensinavam que o "Dia do Senhor" já havia chegado, que eles,
portanto, já se encontravam na Grande Tribulação. Já
que tinham sido ensinados que o arrebatamento aconteceria antes da Grande Tribulação
ou do "Dia do Senhor", podemos entender sua inquietação.
Os tessalonicenses estavam fora de si de susto e cheios de repentina insegurança.
Será que o "Dia do Senhor" realmente já teria chegado?
Mas, nesse caso, onde estaria a promessa de que antes deveriam esperar o Filho
de Deus vindo do céu para livrá-los da ira vindoura (1 Ts 1.10;
5.9)? Teriam eles esperado em vão pelo arrebatamento? Será que
realmente eles estavam sob a ira de Deus por passarem por perseguições
e angústias? Pois eles haviam sido instruídos que não passariam
pela ira de Deus, que o Dia do Senhor não os surpreenderia como um ladrão
de noite, e que o dia do juízo seria para os outros, que estão
fora, não para a Igreja de Jesus. Em 1 Tessalonicenses 5.1-5 havia sido
dito a eles: "Irmãos, relativamente aos tempos e às épocas,
não há necessidade de que eu vos escreva; pois vós mesmos
estais inteirados com precisão de que o Dia do Senhor vem como ladrão
de noite. Quando andarem dizendo: Paz e segurança, eis que lhes sobrevirá
repentina destruição, como vêm as dores de parto à
que está para dar à luz; e de nenhum modo escaparão. Mas
vós, irmãos, não estais em trevas, para que esse Dia como
ladrão vos apanhe de surpresa; porquanto vós todos sois filhos
da luz e filhos do dia; nós não somos da noite, nem das trevas."
Os cristãos
de Tessalônica haviam sido confundidos totalmente pelas cartas falsificadas.
Pretendia-se roubar deles a esperança contida na primeira carta de Paulo.
Por isso o apóstolo lhes escreveu em sua segunda carta: "Assim,
pois, irmãos, permanecei firmes e guardai as tradições
que vos foram ensinadas, seja por palavra, seja por epístola nossa"
(2 Ts 2.15).
Reflitamos
sobre isto: se o apóstolo lhes tivesse ensinado que de qualquer maneira
eles entrariam no "Dia do Senhor" e a qualquer dia seriam arrebatados
em meio à Grande Tribulação, eles não precisariam
ter ficado preocupados. Então tudo, apesar de grandes angústias,
tentações e perseguições que deveriam esperar, estaria
"na mais perfeita ordem". Então teria sido perfeitamente normal
para eles que a Grande Tribulação e o "Dia do Senhor"
já houvessem chegado, e que assim o arrebatamento já estaria às
portas. Então eles até poderiam alegrar-se que a situação
já tinha chegado a esse ponto. Mas, conforme meu entendimento, por terem
sido instruídos que o arrebatamento aconteceria antes da Grande
Tribulação, eles estavam tão frustrados e inseguros.
Paulo disse
claramente que o "Dia do Senhor" só diz respeito àqueles
que não aceitaram o amor à verdade (que é Jesus), àqueles
que não creram e que por isso perecem: "Ora, o aparecimento do
iníquo" (o anticristo) "é segundo a eficácia
de Satanás, com todo poder, e sinais, e prodígios da mentira,
e com todo engano de injustiça aos que perecem, porque não acolheram
o amor da verdade para serem salvos. É por este motivo, pois, que Deus
lhes manda a operação do erro, para darem crédito à
mentira, a fim de serem julgados todos quantos não deram crédito
à verdade; antes, pelo contrário, deleitaram-se com a injustiça"
(2 Ts 2.9-12). Mas referindo-se à Igreja, ele escreveu: "Entretanto,
devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados
pelo Senhor, porque Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação,
pela santificação do Espírito e fé na verdade, para
o que também vos chamou mediante o nosso evangelho, para alcançardes
a glória de nosso Senhor Jesus Cristo. Assim, pois, irmãos, permanecei
firmes e guardai as tradições que vos foram ensinadas, seja por
palavra, seja por epístola nossa. Ora, nosso Senhor Jesus Cristo mesmo
e Deus, o nosso Pai, que nos amou e nos deu eterna consolação
e boa esperança, pela graça, consolem o vosso coração
e vos confirmem em toda boa obra e boa palavra" (vv. 13-17). Existe,
portanto, uma clara diferença entre "eles", que serão
condenados no "Dia do Senhor", porque rejeitaram a verdade – e aqueles
("vós") que são escolhidos para alcançar a glória
em Jesus Cristo, porque creram na verdade.
Evidentemente
foi objetivo do inimigo roubar essa esperança dessa nova igreja de Tessalônica.
Por isso ele espalhou sementes falsas entre eles em uma época quando
realmente estavam sendo provados duramente, colocando dúvidas em seus
corações e tentando derrubá-los totalmente da base da fé
que haviam recebido. Isso chegou aos ouvidos do apóstolo Paulo, que por
essa razão escreveu uma segunda carta aos tessalonicenses, carta que
deveria ministrar-lhes segurança numa época de insegurança.
Uma mensagem falsificada havia sido propagada entre os membros da igreja, que
dizia justamente o contrário daquilo que eles haviam aprendido do apóstolo.
Aqui estava operando – ao contrário do Espírito Santo – um espírito
enganador. Aqui estava sendo transmitida uma falsa palavra, diferente da Palavra
de Deus. E em contraste com as cartas de Paulo, tentou-se introduzir entre os
membros dessa igreja uma falsa carta, talvez até com assinatura falsa.
Surgiram falsos mestres, que diziam que o "Dia do Senhor" já
havia chegado, que a Grande Tribulação, portanto, já havia
começado. Eles até diziam apoiar-se no apóstolo Paulo.
Por isso Paulo advertiu os tessalonicenses: "...nós vos exortamos
a que não vos demovais da vossa mente, com facilidade, nem vos perturbeis,
quer por espírito, quer por palavra, quer por epístola, como se
procedesse de nós, supondo tenha chegado o Dia do Senhor" (2 Ts
2.1b-2).
Assim procede
o inimigo quando aparece como "anjo de luz": ele adapta sua mentira
à verdade da Palavra de Deus. Seus servos, os falsos apóstolos,
que se fazem passar por mensageiros de Jesus, anunciam a assim chamada "sã
doutrina", mas que é pura heresia. É dessa maneira que Satanás
semeia sua semente daninha, que num primeiro momento é muito semelhante
à boa semente, mas que no fim nasce como fruto da dúvida (comp.
2 Co 11.13-15).
Por ser tão
grande o perigo da falsificação, Paulo advertiu a respeito (2
Ts 2.2) e disse com ênfase no versículo 3: "Ninguém,
de nenhum modo, vos engane..." Além disso, ele voltou a chamar
a atenção a respeito no versículo 15 e no final da carta
(3.17) mencionou a característica da sua própria assinatura:
• "A
saudação é de próprio punho: Paulo. Este é
o sinal em cada epístola; assim é que eu assino."
• "Agora,
a minha saudação, que estou escrevendo de próprio punho,
como faço no final de todas as minhas cartas, como prova de que ela é
na realidade proveniente de mim. Esta é a minha letra" (A Bíblia
Viva).
A pregação
de que a Igreja ainda terá de passar pela Grande Tribulação
rouba-lhe a expectativa de que o arrebatamento poderá acontecer a
qualquer momento (1 Co 1.7-8; 1 Ts 1.10; Tg 5.7-8; 1 Pe 4.7; 5.1). Essa
doutrina é inimiga da espera pela volta iminente de Jesus, e por isso
ensina que o Senhor ainda não voltará ou não pode voltar,
porque a Igreja terá que passar primeiro pela Grande Tribulação.
Erroneamente as pessoas que ensinam isso ainda esperam pelo cumprimento de certos
sinais dos tempos do fim, antes que o arrebatamento possa ocorrer. Mas
não é assim. O arrebatamento pode ocorrer a qualquer momento,
pois os sinais do tempo do fim (Mt 24; Mc 13; Lc 21.7ss etc.) referem-se à
vinda de Jesus Cristo em glória no "Dia do Senhor" e na maioria
dizem respeito a Israel. Aqueles que esperam que antes do arrebatamento deve
ter início a Grande Tribulação e a revelação
do anticristo, são pessoas que raramente têm uma visão da
graça plena que nos foi dada por intermédio da salvação
que Jesus realizou na cruz do Calvário e que nos é anunciada no
Evangelho de Cristo.
Naturalmente
também a verdadeira cristandade pode passar por tribulações,
perseguições e catástrofes. Também ela pode ser
atingida por guerras, miséria, fome, enfermidade e aflição.
Sempre foi assim e também hoje esse ainda é o caso em muitas partes
do mundo. A maior parte da Igreja de Jesus sobre a terra é perseguida,
como acontece nos países dominados pelo comunismo e pelo islamismo. E
isso continuará sendo assim até o arrebatamento. Os cristãos
também tiveram que passar pela Primeira e pela Segunda Guerra Mundial.
A qualquer tempo pode-se aplicar à Igreja as palavras do Senhor a Pedro:
"Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para
vos peneirar como trigo" (Lc 22.31), mas igualmente a verdade: "Eu,
porém, roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça"
(v.32a). Jesus, como o Eterno Sumo Sacerdote, intercede pelos Seus diante
de Deus e ora por eles (Jo 17.1; 1 Jo 2.1-2; Hb 6.17-20; 10.19-25). Segundo
o meu entendimento, o Senhor não fará a Sua Igreja passar pelos
sinais dos juízos, que dizem respeito à Grande Tribulação
e ao "Dia do Senhor". "Porque nesse tempo haverá grande
tribulação, como desde o princípio do mundo até
agora não tem havido e nem haverá jamais" (Mt 24.21),
que é determinada como juízo para um mundo de incredulidade e
rebelião contra Deus. É o que se expressa de maneira muito clara
em 2 Tessalonicenses 2.10-12; "...e com todo o engano de injustiça
aos que perecem, porque não acolheram o amor da verdade para serem salvos.
É por este motivo, pois, que Deus lhes manda a operação
do erro, para darem crédito à mentira, a fim de serem julgados
todos quantos não deram crédito à verdade; antes, pelo
contrário, deleitaram-se com a injustiça" (compare também
1 Ts 1.9-12).
Se a Igreja
tivesse que esperar primeiro a revelação do anticristo e passasse
pela Grande Tribulação, ela poderia calcular a época do
arrebatamento de maneira bastante precisa, e poderia ter a certeza de que o
Senhor ainda não teria vindo. Por isso: não nos deixemos roubar
de maneira nenhuma o consolo de sermos arrebatados para junto de Jesus antes
da Grande Tribulação! Mais uma vez digo a todos os crentes renascidos:
"Não vos amedronteis, portanto, com as suas ameaças, nem
fiqueis alarmados; antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração,
estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão
da esperança que há em vós" (2 Pe 3.14b-15). (Norbert
Lieth - http://www.chamada.com.br)
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